21 de abr. de 2015

Um dia em Valparaíso - Chile

val

Surpreendente e encantador a cada possibilidade, o Chile, este país que contorna a costa sul-americana, tomou meu coração de assalto em menos de uma semana. Foram quatro dias descobrindo Santiago e um dia de sensações extremas em Valparaíso. Vale avisar que o turismo dessa viagem foi ao estilo “explorar mais, por menos”. Com muitas pernadas na rua, um pequeno mapa em mãos, pouca programação, olhos atentos e nenhum pacote turístico com horários de chegada e partida.
Estávamos em Santiago e resolvemos ir até o litoral para conhecer o Pacífico. Das praias pesquisadas, Valparaíso, considerada patrimônio mundial da UNESCO, foi nossa escolha. Ouvimos falar sobre sua “feiúra”, mas o Google desmentia isso, e mais uma vez fez sentido a velha frase que diz que “a beleza está nos olhos de quem vê”.

De Santiago para “Valpa”

Na manhã de uma quarta-feira ensolarada, pegamos um ônibus da Avenida Alameda até a Rodoviária de Santiago, onde compramos passagens somente de ida para Valparaíso (que já foi Valle del Paraíso e agora é Valpa, principalmente para a molecada). No guichê a atendente nos informou sobre os horários e locais onde poderíamos comprar as passagens de volta.
No ônibus semi-leito, com filme de comédia dublado em espanhol, passaram-se pouco mais de uma hora e meia do embarque em Santiago até a chegada na Rodoviária de Valparaíso.

 

A diferença de temperatura entre uma cidade e outra foi enorme e, logo na chegada, fomos identificados como turistas por vestir shorts jeans enquanto os locais estavam todos agasalhados. Nesse momento de estrelato, dando e recebendo a atenção de uma moça, soubemos de todos os pacotes turísticos disponíveis e ganhamos um mapa, que nos valeu muito.


Desbravando a passos largos

Seguimos a pé em direção ao centro, descendo em direção ao porto. Parados numa zona comercial, analisando o mapa, fomos convidados por um senhor bastante cortês a entrar num restaurante. Ali, ouvindo suas histórias enquanto nos preparava um belo picado, começamos a nos apaixonar por aquela cidade.


Nosso passeio seguiu a passos largos pelo centro, onde, devo dizer, senti uma certa tensão. Andávamos na velocidade que a cidade parecia nos exigir.

 

Foi então que chegamos ao Mercado El Cardonal e quase tive um falecimento por “gatismo extremo”. O lugar na verdade deveria chamar-se Mercado dos Gatos, pois sim, são eles os donos daquele local. Estão por todas as partes, afastando com sua própria existência a proximidade de qualquer roedor.

 
 

Sorridentes com toda aquela presença felina, eu e meu marido, visivelmente desatentos à segurança, fomos avisados pelos feirantes sobre o cuidado com nossos pertences.

 
 
 

O passeio seguiu para o Ascensor Concepción, um dos elevadores que sobem e descem do nível do mar para as partes altas da cidade.

 

Lá em cima, no Cerro Concepción, vivi a melhor parte desta pequena viagem. As casas coloridas, que de longe parecem uma favela brasileira, me levaram a um estado de êxtase como admiradora de arquitetura e arte urbana.

 
 
 
 

Como a ideia era explorar, fomos descobrindo as ruelas do alto de Valparaíso de forma livre. Sentia aquela sensação engraçada de quando encontramos um lugar que se encaixa exatamente naquilo que temos como um lugar ideal pra estarmos, morarmos. Aquele lugar era eu. Era eu e meu marido, eu e algumas amigas que lembrei e pensei, “Elas tinham que ver isso!”.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Costurando as ruas, chegamos a Templeman, que memorizei carinhosamente como a mais bonita. Cores, cachorros, grafites e um jardim crescente ao longo de sua subida, compõem um conjunto se emoções que se torna completo quando no alto da rua, você senta (ali mesmo, numa mureta da rua) e enxerga o Oceano Pacífico.

 
 
 
 
 
 

Descemos o Cerro Concepción a pé, novamente em direção ao centro.

 
 
 

De frente para o mar

Para finalizar o passeio fomos de transporte público, costeando o litoral até Viña del Mar. Nosso objetivo era tocar o Pacífico, molhar os pés, pisar na areia que ele banha e explorar um pouco do que Viña podia nos apresentar. E foi assim.
Era outubro, ventava e a água limpa de nuances escuras daquele mar quase congelou nossos pés desavisados.

 
 
 
 

Estar ali, naquela extremidade do mapa, fez pensar sobre todas as possibilidades de beleza que a América do Sul tem e dispõe. Uma riqueza cultural e natural sem dimensão. São muitos rostos de misturas étnicas, com línguas e sotaques, com histórias de luta e busca, com sabores e cores. Somos parte deste mapa.

Cada lugar traz um tipo de sensação a cada pessoa. Isso envolve emoção, interesse e também liberdade no olhar. Se você viaja com a expectativa de ter as mesmas experiências de outra pessoa, possivelmente irá se decepcionar. Esteja aberto e atento ao que realmente importa pra você. Se for conhecer Valparaíso, deixe que a cidade te mostre como ela é, de forma despretensiosa, e aproveite o clima pitoresco sem igual daquela cidade litorânea colorida.